Spread bancário é ponto de atenção para o setor produtivo, alerta Paulo Skaf

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Em encontro com empresários, em Guarulhos, presidente da Fiesp/Ciesp pede superação de ‘velhas pautas’ para país retomar desenvolvimento

Solange Sólon Borges e Alex de Souza  

O presidente da Fiesp e do Ciesp, Paulo Skaf, participou do segundo encontro Diálogo pelo Brasil, nesta terça-feira (21/5), em Guarulhos, no auditório do Senai.

A tônica desta segunda rodada de diálogo aberto com empresários, representantes de sindicatos, do comércio, do setor de serviços, entidades públicas e universidades foi o atual momento econômico vivido pelo país. “É preciso tirar da frente as pautas velhas, disse Skaf, referindo-se às reformas tributária e da previdência, para o Brasil se desenvolver e entrar na era da quarta revolução industrial. “Outros países já estão um passo à frente e se beneficiam da inteligência artificial, da realidade virtual, da internet das coisas, ou seja, já estão na era da inovação e tecnologia, e esse é o caminho para se obter mais competitividade, com agenda propositiva para o país”, disse.

Em um cenário que muda rapidamente – “há profissões e setores que irão desaparecer e é preciso nos prepararmos e formar mão de obra para as novas profissões” – Skaf pontuou que o Brasil está atrasado, olhando para dentro, para suas crises econômicas e políticas.

“A previdência dá um estouro no orçamento de R$ 280 bilhões todo ano, com déficit primário de R$ 140 bilhões. Com as mudanças propostas, a economia chegaria a R$ 1 trilhão em dez anos”, afirmou Skaf. Ele acredita que a reforma previdenciária deve passar na Câmara [dos Deputados] antes de julho e, no Senado, entre agosto e setembro. As mudanças no sistema tributário também já estão sob análise do parlamento. Ou seja, existe a possibilidade de ambas serem aprovadas este ano. 

Outra preocupação do setor produtivo é com as altas taxas de juros cobradas pelos bancos. Para Skaf, é necessário ampliar a concorrência no setor bancário, hoje restrito a poucas instituições de peso. “Se há dez anos alguém colocasse R$ 100 na poupança, teria hoje R$ 190. Mas se estivesse devendo R$ 100 no cheque especial, em dez anos deveria R$ 6,2 milhões. É um absurdo! O spread bancário é um grande problema  no Brasil”, afirmou, ressaltando que a Fiesp/Ciesp irá intensificar a campanha Chega de Engolir Sapo, contra os juros altos cobrados pelas instituições financeiras. Segundo ele, a Selic, a taxa básica de juros, já caiu, mas pode baixar ainda mais.

Skaf defendeu também a adoção de medidas de curto prazo para aquecer a economia até que a aprovação das reformas estruturais tenham impacto. “A economia deu uma esfriada forte e precisamos de alternativas, como a liberação do PIS-PASEP para irrigar a economia, também das contas inativas do FGTS, que colocariam em circulação algo em torno de R$ 20 bilhões. Os bancos, inclusive os oficiais, reduziram o crédito para as pessoas jurídicas. É preciso dar oxigênio e não retirá-lo. Os recursos do BNDES caíram pela metade”, avaliou. 

O ano de 2019 começou com muita expectativa de que tudo se resolveria rapidamente, em função do novo governo e do novo Congresso. A previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no início do ano, segundo ele, era de 2,5% a 3%. A última previsão foi de 1,5%. “Se este trimestre for negativo, este 1,5% pode virar meio ou zero. Sendo realista, a gente corre o risco de não crescer este ano”, avaliou, lembrando que um quarto da população brasileira sofre com o desemprego e o desalento. “Há certa frustração, a economia não está num bom desempenho. Se a indústria está indo bem, o Brasil também vai bem e vice-versa”.

Paulo Skaf também tratou com os presentes sobre as normas regulamentadoras (em especial, a NR-12), reforçando a segurança do trabalhador em primeiro lugar, mas pedindo regras que possibilitem às empresas trabalharem também com segurança. Igualmente foram abordados assuntos como Bloco K, e-Social e logística reversa – sendo que esta conta com sistema da Fiesp/Ciesp e a realização de leilões frequentes – a Substituição Tributária e a criminalização do empresário por conta do ICMS, questão acompanhada de perto pela Fiesp/Ciesp.

Quanto à educação,Skaf enfatizou a necessidade de ter ensino de qualidade no país e enumerou a estrutura existente em Guarulhos: um Senai recém-inaugurado, outro modernizado, além de todas as unidades do Sesi centralizados junto ao Centro de Atividades (CAT). O Sesi do Cocaia, que será inaugurado em breve, terá capacidade para 1.500 alunos do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, em tempo integral, com acesso a atividades esportivas e culturais. O Senai conta com 16 mil matrículas em uma de suas unidades e a outra está alcançando 10 mil, números que demonstram o grande serviço que a indústria presta à sociedade. 

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