Cadeia de petróleo no Brasil sofrerá impacto dobrado

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Cadeia de petróleo no Brasil sofrerá impacto dobrado

Crise do coronavírus e queda da demanda internacional podem reduzir produção de petróleo

Marcus D´Elia

A atual crise causada pela disseminação do novo coronavírus irá impactar fortemente a cadeia de petróleo e derivados no Brasil. Essa é a avaliação da Leggio Consultoria, especializada em O&G e Infraestrutura, que realizou um levantamento preliminar para estudar os efeitos mais imediatos do isolamento social da população.

“Ainda em março, o consumo de combustíveis caiu muito e certamente está muito abaixo do normal. Calculamos uma redução de 35% a 40% no consumo de diesel, 60% no de gasolina e 70% no querosene de aviação (QAv) em relação ao volume usual”, afirma Marcus D’Elia, Sócio-Diretor da Leggio Consultoria. Esse freio repentino no consumo se deve principalmente à redução da movimentação de cargas e pessoas.

Se mantivermos a condição de quarentena nas cidades do país, a previsão é que a redução do consumo se mantenha, criando uma lacuna com forte efeito sobre a cadeia de distribuição de combustíveis. Isso ocasionará a redução da produção de derivados no país. “Um dos principais problemas dessa situação no mercado de derivados é que esta cadeia precisará reduzir sua movimentação de produtos. Isto irá gerar naturalmente a redução do refino nos próximos dias e impactará, na sequência, a produção nacional de petróleo”, diz D´Elia.

De acordo com o especialista, no Brasil, a capacidade de armazenagem nas distribuidoras está em torno 4,4 MM m³ para combustíveis, correspondendo a cerca de 14 dias de consumo padrão. Além disso, existe volume de armazenagem em refinarias e terminais marítimos/terrestres, com total de 11 MM m³ e 8 MM m³, respectivamente. Desta forma o excedente de produção de derivados deverá ser absorvido por essa armazenagem sem riscos imediatos.

“Por outro lado, a armazenagem de petróleo está limitada a 12 MM m³ entre refinarias e terminais. Uma capacidade significativamente menor. Portanto, a estratégia para adequação à nova realidade da cadeia de derivados e petróleo deverá ser a redução gradual da produção de petróleo, já anunciada pela Petrobras, e aumento de estoques de petróleo e derivados ao longo da cadeia. A produção de petróleo nacional deverá se estabilizar no novo patamar de consumo nacional e exportação, com uma redução estimada entre 300 e 600 mil bpd, dependendo do aprofundamento das medidas de quarentena e da demanda de exportação”, diz Marcus D´Elia.

É importante reforçar que a cadeia de distribuição de combustíveis continuará a funcionar durante toda a crise, garantindo o suprimento de produto no país, com baixo risco de ruptura. Com vistas ao término da crise, pode-se dizer também que a cadeia de distribuição de derivados poderá reagir rapidamente quando houver normalização da atividade econômica no país. Não sendo uma limitação para a retomada da economia.

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