Pesquisa Visão Gestão de Fretes Brasil mostra mais vulnerabilidades para transportadoras

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Pesquisa Visão Gestão de Fretes Brasil mostra mais vulnerabilidades para transportadoras

Em sua terceira edição, a Pesquisa aponta que a crise econômica, aliada ao mercado brasileiro de distribuição cada vez mais complexo e à estrutura deficiente, impactam irremediavelmente no cenário de transportes. Pode haver nova ruptura de mercado.

– A terceira edição da Pesquisa Visão Gestão de Fretes Brasil organizada GKO Informática, empresa especializada em soluções de base tecnológica para a área de logística com foco na gestão de fretes, em parceria com a RC Sollis, consultoria especializada em gestão e desenvolvimento de negócios em logística, traz um panorama com foco técnico do setor de transportes no Brasil do ano de 2017 e mostra que os embarcadores (indústria) estão cada vez mais especializados e exigentes, e que para as transportadoras, além da demanda diminuir, os desafios e os riscos aumentaram. O cenário futuro se mostra mais negativo para as transportadoras.

O universo pesquisado de embarcadores envolveu empresas que representaram 230 bilhões de reais em mercadorias expedidas em 2017, que pagaram um total de 3,8 bilhões de Reais em fretes (uma redução de 16% no pagamento de fretes se comparado a 2016), e que movimentaram 10 milhões de toneladas em cargas por ano. Também foram consultadas transportadoras nacionais e regionais que movimentaram 4 milhões de toneladas de cargas por ano e foram responsáveis pela entrega de 12 milhões em mercadorias. O estudo contou com o apoio da Associação Brasileira de Logística (ABRALOG), do Sindicato das Empresas de Transporte de São Paulo e Região (SETCESP) e do Instituto Paulista de Transporte de Cargas (IPTC).

As conclusões da Pesquisa estão divididas em duas partes: a primeira mostra uma fotografia do mercado, destacando os ambientes operacional, estrutural e econômico em que se inserem os transportes e, na segunda parte, destacam-se as macrotendências. No campo operacional, observa-se que, graças à conveniência de compras ofertada ao consumidor, os embarcadores estão operando em múltiplos canais de entrega (omnichannel) aumentando a complexidade da distribuição, que apresenta maior capilaridade, problemas e restrições de toda a ordem no tráfego em cidades. Já quando se fala em chegar a locais mais remotos, se exige que as transportadoras sejam especialistas em cada canal.

O ambiente estrutural mostra problemas crônicos como a malha viária e a segurança pública precárias, mão de obra com baixa especialização, burocracia que incide no custo direto da operação (como impostos, licenças de operação, etc.), incluindo rubricas de custo atreladas ao dólar. No plano econômico, o cenário se mostra mais negativo com a crise econômica que não obtém resposta mais contundente, custos elevados de elementos de transportes (como derivados de petróleo, veículos, etc) e a queda da demanda por cargas.

Macrotendências

Alguns dados da Pesquisa mostram que do lado do embarcador houve avanços positivos que podem transformar a cadeia de transportes no sentido de ganho de especialização, melhorias no nível de serviço, adoção de tecnologias ou avanço a um outro nível. Entre os pontos fortes identificados estão o aumento da inteligência do embarcador caracterizada pela melhoria de seu time logístico, crescimento do nível de capacidade de negociação e cobrança do embarcador e aumento da terceirização dos riscos para o transportador.

A Pesquisa detectou, também, a opção dos embarcadores por reduzir o número de Centros de Distribuição, como caminho para redução de custos. “Isso gera um impacto nas transportadoras de caráter mais regional, além de implicar em uma de duas estratégias: embarques mais fracionados ou, para evitar este fracionamento, um planejamento de entregas menos agressivo, refletindo em aumento do estoque nos destinatários”, explica o diretor Comercial da GKO, Ricardo Gorodovits. Segundo o executivo, esse cenário cria um impasse, já que fracionamento de cargas implica aumento nos custos de transporte e o espaçamento das entregas vai contra a demanda do mercado. “Novamente aqui constatamos o aperto nas margens das transportadoras”, conclui Gorodovits.

Neste contexto, os transportadores precisarão fazer uso de mais de um modal de transporte, profissionalizar seu time, ofertar serviços mais próximo dos drives dos embarcadores e promover a melhoria do nível de serviço, que foi avaliada como abaixo do que é vendido. Um desafio e tanto a ser superado é: conciliar custos do frete (a aumentar) com a expectativa do embarcador por reduzir prazos de entrega, com estoques menores.

No campo comercial, a Pesquisa detectou que 89% dos embarcadores consultados reduziram a conta frete; na outra ponta, a dos transportadores, 33% apontaram não ter feito qualquer reajuste. A perspectiva de preços para 2018 é de aumento de risco da operação, pois os embarcadores acreditam que pagam caro pela operação e os transportadores operam com preços abaixo do limite de ruptura. Somado a isso, os embarcadores estão lançando mão do uso de operadores logísticos, esvaziando a demanda das transportadoras, que por sua vez não têm sido procuradas pelos operadores logísticos para a prestação de serviços.

Como conclusão, a Pesquisa Visão Gestão de Fretes Brasil aponta que 2018 não tem indicações de que haverá uma mudança significativa no cenário. Há risco real de ruptura na prestação de serviço, pois muitos transportadores podem não sobreviver à baixa ou nenhuma margem de operação, baixa capacidade de inovação e pouca tecnologia. Em termos estratégicos, a saída pode ser fusão de transportadoras como uma saída econômica – arriscada, por conta da perda de valor que algumas transportadoras apresentam em função do ambiente de dificuldade, mas que pode trazer novo fôlego ao setor.

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